11/09/2023

O camião da Porto Ambiente que, na manhã deste sábado, limpava a Avenida Gustavo Eiffel não está a desperdiçar um centímetro cúbico de água. Pelo contrário. Está a reciclar águas residuais. E assim será também para rega dos jardins, limpeza de contentores, recarga de aquíferos, com a pretensão de, um dia, vir a ser usada pelos bombeiros ou noutras necessidades: públicas ou privadas. O primeiro projeto da região norte para recorrer a água reutilizada para limpeza do espaço público – Água para Reutilização (ApR) – é do Município do Porto e vai produzir, todos os dias, mil metros cúbicos de água de classe A e, assim, permitir poupar água potável, reservando-a para consumo.

“Tendo em conta a escassez deste bem único, a reutilização de água, numa perspetiva de economia circular, deve ser vista como obrigatória”, considera o vice-presidente da Câmara do Porto.

Durante uma visita à ETAR do Freixo, onde está instalada esta primeira unidade de tratamento de Água para Reutilização, e que contou com a presença do presidente da autarquia, Rui Moreira, do ministro do Ambiente e da Ação Climática, Duarte Cordeiro, do secretário de Estado do Ambiente, Hugo Pires, e do vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), José Pimenta Machado, Filipe Araújo assumiu que “o Porto quer estar, mais uma vez, na linha da frente”.

“Temos, claramente, um enorme potencial nesta área e uma oportunidade para melhor gerirmos os nossos recursos hídricos”, afirma, lembrando os baixos níveis de reutilização de água residual no país.

Desenvolvida pela Águas e Energia do Porto, com o apoio da Agência Portuguesa do Ambiente, a solução, fruto de um investimento municipal de cerca de 750 mil euros, “segue um rigoroso programa de monitorização, para verificação do cumprimento do normativo de qualidade exigido, garantindo a total segurança” na utilização da água produzida, assegura o vice-presidente.

“As alterações climáticas vão continuar a colocar uma enorme pressão na gestão da água, intensificando os períodos de seca, mas também de precipitação intensa”, sublinha Filipe Araújo, reforçando que “para garantirmos o acesso a este bem essencial à vida temos de ser capazes de o gerir melhor, reduzindo, por um lado, o desperdício de água e encontrando, por outro lado, origens alternativas, como é o caso da água tratada nas ETAR”.

Dado o primeiro passo, o vice-presidente, que assume o pelouro do Ambiente e Transição Climática, confirma que o objetivo do Município é que a água produzida possa, também, vir a ser comercializada, a um preço mais reduzido, para uso privado.