Há toda uma nova sustentabilidade a iluminar as ruas do Porto – ambiental, mas também económica – com a conclusão da instalação de 30 mil lâmpadas LED por toda a cidade. Graças a um investimento de sete milhões de euros, o Município vai conseguir poupar, todos os anos, 2,3 milhões de euros na fatura da eletricidade. Concluída a operação, já se trabalha para a telegestão das luminárias.
A operação de substituição das antigas luminárias, que arrancou no final de 2022, foi, segundo o vice-presidente da Câmara, "um processo moroso de contratação pública". À data do lançamento do concurso público, em 2019, eram apenas seis mil as luminárias LED na cidade.
Em entrevista ao Jornal de Notícias, Filipe Araújo realça que "60% da despesa pública de um município em eletricidade advém da iluminação pública", mas que o Porto irá "recuperar em três anos o dinheiro investido".
A maior parte das cerca de 23 mil lâmpadas foram substituídas durante o último ano, com as alterações mais recentes a serem visíveis em redor da estação ferroviária de Campanhã e na Rua da Constituição. A cobertura com recurso a tecnologia LED fica, assim, próxima dos 100%.
Em agosto de ano passado, foram substituídas as 66 lâmpadas da Ponte Luís I, o que já permite evitar a emissão de 60 toneladas de dióxido de carbono. Nesta infraestrutura já funciona o sistema de telegestão, que permite regular a intensidade da luz à distância e, assim, contribuir, também, para a poupança de energia.
O também responsável pelo Ambiente e Transição Climática sublinha que "a cidade optou por seguir um caminho inovador na sustentabilidade da estrutura energética, assumindo-se como um exemplo nesta matéria. Da Boavista à Pasteleira, passando pelas zonas mais emblemáticas da cidade como Campanhã, Foz ou o Centro Histórico, o Porto é agora, maioritariamente, iluminado por tecnologia LED, mais eficiente e menos poluente".
O trabalho incluiu um plano diretor de iluminação pública, feito pela Agência de Energia do Porto, para definição do nível de luminosidade, intensidade e temperaturas de luz para cada local, mediante a sua utilização.
"Se é uma zona mais residencial, deve ter uma temperatura de cor mais quente [amarela], se é uma zona mais industrial, deve ter uma temperatura mais fria [branca]", explica o vice-presidente, sublinhando a importância das regras que permitam diminuir a poluição luminosa. "É desta forma que o Porto está a trabalhar para garantir uma iluminação de qualidade em todo o território, acompanhando sempre as melhores práticas observadas nesta área a nível internacional", conclui Filipe Araújo.
Redução de 4.742 toneladas de dióxido de carbono emitidas
Para Filipe Araújo, o processo de alteração teve um impacto "muito reduzido na mobilidade", ainda que "muitas destas luminárias estejam na via pública e a substituição tenha implicado a circulação de carrinhas com plataformas elevatórias".
Neste momento, falta apenas acertar pormenores na rede viária, principalmente, afirma o vice-presidente, em zonas cuja gestão é feita pela Infraestruturas de Portugal.
A aposta em iluminação LED vai contribuir para a redução de 4.742 toneladas de dióxido de carbono emitidas para a atmosfera. Filipe Araújo lembra que "a cidade usa, maioritariamente, energia elétrica" e que a descarbonização desse setor se faz "de variadíssimas formas: produzir mais energia renovável ou evitar as emissões, gastar menos energia".
E "a iluminação pública entra aqui", com uma redução do consumo energético do Município do Porto em 13 milhões de kWh. "Essa energia que deixamos de gastar são emissões que deixam de ser emitidas", reforça, lembrando que se tratam "de objetivos fundamentais no mundo em que vivemos, e que demonstram bem a importância da adoção destas soluções enquanto evolução lógica para todas as cidades".